Por Marta Reis
Placas são escritas em inglês e afrikaans
Imagine você se os jogos de futebol do Campeonato Brasileiro fossem transmitidos na televisão metade em português metade em Tupi (língua indígena já extinta no Brasil). E se a novela das oito tivesse legenda nas partes em que o mocinho conversasse com a mocinha em algum dialeto local. Um tanto confuso? Pois esta mistura de línguas é muito comum na África do Sul. O país-sede da próxima Copa do Mundo tem 11 (isso mesmo onze) idiomas oficiais. Um verdadeiro 'time' de línguas: Inglês, Afrikaans, Ndebele, Xhosa, Zulu, Sepedi, Sesotho, Setswana, Siswati, Tshivenda e Xitsonga.
Contemplar todos esses dialetos talvez seja tão difícil quanto falar cada um deles. Por isso, os canais locais de televisão têm séries e telejornais exibidos em mais de um idioma - as mesmas notícias vão ao ar em Zulu, Afrikaans e Inglês, por exemplo. Em outras situações, como nos jogos de futebol, dois narradores se alternam na transmissão da partida.
Contemplar todos esses dialetos talvez seja tão difícil quanto falar cada um deles. Por isso, os canais locais de televisão têm séries e telejornais exibidos em mais de um idioma - as mesmas notícias vão ao ar em Zulu, Afrikaans e Inglês, por exemplo. Em outras situações, como nos jogos de futebol, dois narradores se alternam na transmissão da partida.
Palavra/frase | Afrikaans | Zulu |
Bom dia! | Goeie Môre! | Sawubona, Njani! |
Como está? | Hoe gaan dit? | Unjani? |
Por favor | Assemblief | Ngiyacela |
Obrigado! | Dankie! | Ngiyabonga! |
Tchau | Totsiens | Uhambe Ilahle |
O que você quer comer? | Wat wil iy eet? | Uguna ukudlani? |
É muito caro! | Dis baie duur! | Kuyadula! |
Onde fica o estádio? | Waar is die sokker stadion? | Ikuphi Inkundla yebhola? |
Preciso de ingressos | Ek benodig uaartjies | Ngifuna amatikiti |
Sou brasileiro, com muito orgulho! | Ek is in trotse brazilian! | Ngidabuka Brazil! |
Tal diversidade também está presente nas rádios, nos filmes, nas conversas de bar e em várias situações do dia-a-dia.
"Misturamos dois ou três dialetos o tempo todo, faz parte da nossa cultura. Às vezes o cara é de origem Zulu, mas está conversando com uma pessoa que fala Xhosa. Como são parecidos, sai um pouco de cada. Em outras situações, nos falta alguma palavra em Zulu e usamos o inglês", explica o motorista de taxi Sabelo Shange, que é Zulu, mas garante dominar outros oito dialetos locais.
Em geral, todos os sul-africanos falam pelo menos dois dos 11 idiomas oficiais. "Morar num país com tantas línguas é um desafio, pois algumas vezes não entendemos uns aos outros. Por outro lado, elas representam nossas 11 etnias e culturas, e todo dia aprendemos uma coisa nova", pondera o garçom Vusi Sibanda, que fala Zulu, Sepedi e Inglês.
"Misturamos dois ou três dialetos o tempo todo, faz parte da nossa cultura. Às vezes o cara é de origem Zulu, mas está conversando com uma pessoa que fala Xhosa. Como são parecidos, sai um pouco de cada. Em outras situações, nos falta alguma palavra em Zulu e usamos o inglês", explica o motorista de taxi Sabelo Shange, que é Zulu, mas garante dominar outros oito dialetos locais.
Em geral, todos os sul-africanos falam pelo menos dois dos 11 idiomas oficiais. "Morar num país com tantas línguas é um desafio, pois algumas vezes não entendemos uns aos outros. Por outro lado, elas representam nossas 11 etnias e culturas, e todo dia aprendemos uma coisa nova", pondera o garçom Vusi Sibanda, que fala Zulu, Sepedi e Inglês.
Inglês é a língua mais falada do país
Até 1994, quando o Apartheid – sistema de segregação racial que perdurou por mais de 40 anos – foi oficialmente extinto, apenas Inglês e Afrikaans eram considerados oficiais. Os nove idiomas negros eram ignorados pelo governo por razões políticas, ainda que representassem 79% da população, que é o percentual de negros do país.
Até 1994, quando o Apartheid – sistema de segregação racial que perdurou por mais de 40 anos – foi oficialmente extinto, apenas Inglês e Afrikaans eram considerados oficiais. Os nove idiomas negros eram ignorados pelo governo por razões políticas, ainda que representassem 79% da população, que é o percentual de negros do país.
Durante o Apartheid, o ensino do Afrikaans (idioma dos brancos sul-africanos descendentes de holandeses, que colonizaram o país antes dos ingleses) era obrigatório nas escolas. Alunos negros que não tinham qualquer ligação com o idioma ou sequer o usavam fora da sala de aula precisavam aprender as matérias na língua dos brancos. A obrigatoriedade do Afrikaans gerou protestos estudantis em diversas regiões do país. No maior deles, em 1976, centenas de jovens foram mortos e feridos pela política no distrito de Soweto.
Hoje, o Inglês é a língua mais falada, e por isso predominante nos jornais, nas placas de sinalização, na política e no mundo dos negócios. Ainda assim, é simpático aprender algumas expressões nos idiomas locais. Os sul-africanos certamente abrirão um largo sorriso ao verem seu esforço.
Sharp sharp! | Tá bom; ok! |
Lekker! | Legal! |
Yebo! | Sim! Alô! |
Eitha! | Interjeição para demonstrar surpresa; também é usado como um cumprimento |
Wena! | Ei, você! |
O inglês também é o idioma número um nas escolas, ainda que seja a língua de origem de apenas 8,2% dos sul-africanos. Nos lares nacionais, o Zulu é predominante (23,8%), seguido por Xhosa (17,6%) e pelo Afrikaans (13,3%).
Variação por região
Dependendo da região do país, o idioma mais ouvido nas ruas muda. Na província de KwaZulu-Natal, como o próprio nome indica, a maioria da população é Zulu. Na Cidade do Cabo, Afrikaans e Xhosa são dominantes. No norte da África do Sul, Xitsonga e Tshivenda são os mais comuns.
A exceção é Joanesburgo. A maior e mais rica cidade sul-africana é também um grande caldeirão lingüístico, porque recebe gente de todos os lugares do país em busca de melhores condições de vida.
A diversidade de idiomas se manifesta também no hino nacional. Se a África do Sul pós-Apartheid queria construir um Estado plural, não poderia manter o antigo hino cantado apenas em afrikaans. Ele foi substituído por "Nkozi Sikelel’iAfrika", que tem estrofes em Xhosa, Zulu, Sesotho, Afrikaans e inglês.
O que pode parecer confuso para muitos estrangeiros que visitarem o país durante a Copa, em especial para os brasileiros que falam apenas o português, é encarado com muita naturalidade pelos sul-africanos. Mais do que isso, prestigiar cada uma das onze línguas nacionais faz parte de uma dívida moral que o país tem com o seu passado, quando preferiu ignorar o que tem de mais valioso – sua diversidade.
A exceção é Joanesburgo. A maior e mais rica cidade sul-africana é também um grande caldeirão lingüístico, porque recebe gente de todos os lugares do país em busca de melhores condições de vida.
A diversidade de idiomas se manifesta também no hino nacional. Se a África do Sul pós-Apartheid queria construir um Estado plural, não poderia manter o antigo hino cantado apenas em afrikaans. Ele foi substituído por "Nkozi Sikelel’iAfrika", que tem estrofes em Xhosa, Zulu, Sesotho, Afrikaans e inglês.
O que pode parecer confuso para muitos estrangeiros que visitarem o país durante a Copa, em especial para os brasileiros que falam apenas o português, é encarado com muita naturalidade pelos sul-africanos. Mais do que isso, prestigiar cada uma das onze línguas nacionais faz parte de uma dívida moral que o país tem com o seu passado, quando preferiu ignorar o que tem de mais valioso – sua diversidade.
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