quinta-feira, 14 de abril de 2011

Em situações de risco, nosso corpo ganha superpoderes

Subir escadas quando o elevador não funciona costuma ser o auge do esforço de muita gente. Mas você também pode ter superpoderes em uma situação de vida ou morte.

por Giselle Hirata, Alessandra Kalko, Éber Evangelista, Luiz Iria


Força e resistência
Mesmo que por um curto período, nossos músculos são capazes de se contrair todos de uma vez, gerando uma força incomum. Com endorfina, é possível não sentir dor, e os ossos modificam sua estrutura para suportar grandes pressões.

Músculos
1. OXIGENADO
Com a adrenalina no corpo, o sangue circula com mais facilidade e intensidade, levando mais oxigênio aos músculos, que passam a trabalhar mais contraídos.

2. PODER DA MENTE

Por isso, quando o sistema nervoso envia os impulsos elétricos para estimular os músculos, as fibras de contração rápida são ativadas todas simultaneamente.

3. RICOS EM FIBRAS

Tudo ocorre a um nível microscópico: cada músculo tem milhares de fibras, que contêm centenas de miofibras.

4. CONTRAIR E COÇAR
Compostas de proteínas, as miofibras são formadas por filamentos menores ainda. Esse conjunto provoca a contração muscular depois de receber o impulso elétrico.

5. ENCAIXE PODEROSO
Os filamentos são dispostos em fileiras. Na contração muscular, um desliza sobre o outro e eles se encaixam - é dessa sincronia que vem a explosão de força.


Ossos
1. DURO DE ROER
O tecido compacto que reveste o osso funciona como uma capa rígida, composta de cálcio e fósforo. Nervos e vasos saguíneos passam por orifícios em sua superfície.

2. FESTA DO INTERIOR
Por dentro, os ossos têm uma parte mole e viva, composta de fibras de colágeno.

3. MANIA MOLE
Graças ao interior maleável, o osso é capaz de mudar e se rearranjar para aliviar grandes tensões.


Dor
1. O CAMINHO DA DOR
No segundo em que nos ferimos, o estímulo da dor chega até o cérebro.

2. ALÍVIO IMEDIATO

Quando o cérebro entende que a dor é muito grande, ele nos poupa da notícia ruim: envia sinais para a hipófise, que libera no sangue a endorfina. Esse analgésico natural obstrui a comunicação entre os nervos, impedindo que os estímulos de dor passem.


Energia
De homem a super-homem: com adrenalina, os sentidos ficam mais aguçados.

1. O PERIGO
Ao sentir medo ou se deparar com uma situação de risco, o corpo sofre uma mudança radical. O hipotálamo (responsável por manter o equilíbrio entre o estresse e o relaxamento) é acionado e envia uma mensagem para que o organismo fique alerta.

2. ROLA UMA QUÍMICA
A glândula hipófise recebe a mensagem do hipotálamo e envia, pelo sangue, sinais que ativam as glândulas suprarrenais (acima dos rins), que produzem adrenalina

3. HORMÔNIO DO "FICA ESPERTO"
A adrenalina é responsável por criar um estado de prontidão. Ajuda a pessoa a enfrentar o perigo e o organismo a lidar com o estresse.

4. NO SANGUE
Ao cair no sangue, a adrenalina contrai os vasos sanguíneos. Assim, o sangue corre mais rápido, o que aumenta os batimentos cardíacos e o fluxo de oxigênio no corpo. O cérebro fica mais apto a tomar decisões rápidas e os músculos, mais flexíveis. As pupilas dilatam-se para melhorar a eficiência visual e o fígado chega a produzir mais glicose, gerando mais energia.

Num caso de vida ou morte um sedentário pode correr até 5 km queimando glicose e segurar mais 7 km com gordura.

TANQUE RESERVA
Graças à adrenalina despertada pelo perigo, uma pessoa é capaz de correr mais do que o normal. Assim que acaba nosso combustível comum, a glicose, a adrenalina libera o uso de uma fonte alternativa de energia.

VEÍCULO FLEX

Esse combustível extra é a gordura. Geralmente abundante, quando ela entra em ação, você ganha mais um pique para fugir do perigo - e ainda sai um pouco mais magro do processo.


Amortecedor

O joelho, nossa maior articulação, é capaz de suportar 20 vezes o peso do corpo.

1. DIVISÃO DE TAREFAS
Para aliviar as tensões, os joelhos contam com dois meniscos (o medial e o lateral). São cartilagens responsáveis por controlar o peso, estabilizando a articulação.

2. LIGAÇÕES DESEJOSAS

Os tendões e ligamentos conectam o joelho com músculos e ossos, trazendo a força da perna inteira para aquele ponto.

3. REVESTE E LUBRIFICA

Movimentos intensos no joelho? É um trabalho para a membrana sinovial. Além de revestir o joelho, ela produz um lubrificante que reduz atritos.

4. EMBORRACHADO

O amortecedor fica completo com a cartilagem, cuja principal função é absorver impactos. Sua espessura pode chegar até 0,6 cm.

Fontes Camila Luisa Sato, fisioterapeuta formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp); Arnaldo José Hernandez, chefe do Grupo de Medicina do Esporte do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo; Ivan Okamoto, vice-coordenador do departamento de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.

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